... este blog esta escrito em português e destina-se a divulgar aos portugueses a musica que se fez e faz em Espanha ...
Quando imaginei este blog, a meu principal objectivo era divulgar grupos e musicos espanhois que, por una razão ou outra não são conhecidos em Portugal.
Aqui fica a resposta para os muitos leitores que me preguntam porque não falo de nomes como Julio Iglesias, Herois do Silencio, Camilo Sesto, entre outros.
Em todo o caso, resolvi hoje fazer uma excepção. Primeiro porque se trata de alguem que me influenciou muito, graças ao meu pai que era seu fan e tinha em casa uma par de discos dele, segundo porque a sua morte permatura não matou a sua memória, e ocorreu há exactamente 40 anos.
Luis Manuel Ferri Llopis nasceu em 3 de Agosto de 1944 em Aielo de Malferit, uma pequena aldeia perto de Valencia.
Viria a ser conhecido mais tarde como Nino Bravo, e, curiosamente, um dos muito poucos espanhois que conseguiram romper a fronteira e ser conhecidos em Portugal.
Desde muito jovem se lhe notaram tendências para a musica, e uma voz muito potente.
Conta-se que com apenas 15 anos deliciou toda a sua familia e amigos quando de repente cantou, à capela, a canção 'Libero' de Domenico Modugno.
Nesse momento alguém lhe disse :” Há que fazer com a tua voz algo mais do que falar.”
Em plena adolescencia abandona o bachilerato para trabalhar numa joalheria.
Aí prospera rapidamente, chegando à categoria de polidor de diamantes.
Mas nunca abandona a musica.
Em 1961 forma o grupo “Los Hispânicos” com o que tem grande sucesso percorrendo toda a zona valenciana.
Em 1963 os seus companheiros de grupo decidem abandonar o mundo da musica.
Luis Manuel mantem-se firme na sua ideia.
Nesse momento, “Los Superson” procuravam um vocalista pois o seu havia morto num acidente de viacção.
Conheciam a voz potente de Luis e chamaram-no.
Somaram exitos.
Em 1966 tem que cumprir o serviço militar obrigatório e durante uns meses abandona a musica.
Ao regressar da “mili” volta a cantar … e a encantar. Contrata um representante e começa a frequentar festivales de musica.
É o seu manager que pensa em encontrar-lhe um nome artístico e encontra Nino Bravo. Primeiramente a Luis não lhe soa bem … mas acaba por aceitar.
A discografica RCA mostra interesse por ele, chega a gravar nos seus estudios mas acabam por não chegar a acordo.
Acaba por ser a Fonogram que o contrata e o apresenta oficialmente a público em 16 de Março de 1969.
Entretanto, nesse ano, apresentam-lhe o compositor Manuel Alejandro com quem construiu muitos dos seus grandes exitos musicais.
Em 1970 resolve mudar de manager e aí aparece o nome de José Meri que estaria para sempre ligado à sua carreira.
Uns anos antes, um compositor espanhol, Augusto Algueró compôs o tema “Te quiero Te quiero”, originalmente para a voz de de Lola Flores … näo teve grande saída.
Mais tarde entregaram a mesma canção a Rafael que chegou a gravá-la no momento em que rompe com a sua editora … nunca a publicou.
Finalmente, por mãos do seu representante propoem-na a Nino Bravo … foi um exito retumbante.
Em 1971 é convidado para uma gira sul americana. Outro exito indiscritivel.
Nesse mesmo ano o mesmo Augusto Algueró compõe “Noelia”, já directamente para a voz de Nino.
Em 1972 edita “Un beso y una flor”, recorde de vendas em todo o mundo hispânico, e em final desse ano edita “Mi Tierra” que contem o tema “Libre”, talvez o mais conhecido em Portugal e de que falarei mais adiante.
Em 15 de Março de 1973 realizou a sua última actuacção em Valencia, dentro do Parador 73 das conhecidas “Falhas” valencianas. Aí cantou, por primeira e única vez, o Hino do Valencia, ajudado pelo público asistente.
Pela manhã de 16 de Abril de 1973, Nino Bravo, acompanhado pelo seu guitarrista e amigo José Juesas Francés e do “Dúo Humo”, partiram de Valencia em direcção Madrid.
Chegou a pensar em fazer a viagem de avião, mas, finalmente por diversas circunstâncias decidiu-se a ir no seu carro, recém adquirido por Nino, um BMW 2800 de 1970.
Quase duas horas depois de viagem, pararam para meter gasolina e tomar o pequeno almoço, na localidade de Motilla del Palancar, e, antes das 10:00h proseguiram caminho.
A poucos kilómetros, numa curva, o veículo conduzido pelo cantante saiu da estrada e capotou várias veces.
Nino Bravo e os feridos foram trasladados, em vários veículos particulares a Tarancón, situado a 13 kilómetros y daí a Madrid, de ambulância … Nino Bravo faleceu pelo caminho … tinha 28 anos.
Depois da sua morte apareceu um disco póstumo, chamado ...y volumen 5, que inclui dez canções gravadas semanas antes da sua morte.
Entre elas encontra-se “ América”, que se converteu em todo um hino para os seus admiradores americanos e num dos seus grandes éxitos.
Uma curiosidade … Nino Bravo só compos um unico tema, chamado "Vivir” e que faz parte do disco postumo.
Agora vou contar-vos uma historia:
Em 1962, estávamos a cerca de um ano depois da construção do abominável muro de Berlim.
Peter Flecher, um trabalhador da construção civil vivia na Republica Democrática Alemã e, aos seus 18 anos, estudou um plano para conseguir passar-se para o outro lado, onde tinha a sua familia, acompanhado de um seu amigo, Helmut Kulbeik.
O seu plano consistía em esconder-se numa oficina de carpintaria cerca do muro, para observar o movimento dos guardas desde ali, e, poder saltar desde uma janela, no momento adequado, até ao chamado corredor da morte (uma lingua de terra entre o muro principal e um muro paralelo que recentemente se começou a construir) e correr pelo mesmo até uma parede cerca a Checkpoint Charlie, no distrito de Kreuzberg em Berlim Ocidental.
Os guardas deram-lhe alto e mandaram-no parar muitas vezes. Ele continuou. Os guardas dispararam.
O seu amigo conseguiu passar … ele foi atingido na pélvis e caíu para o lado Este ficando preso no arame farpado e desangrando-se até que morreu, mais de uma hora depois, sem que ninguém o ajudasse
Em 1972, José Luis Armenteros e Pablo Herreros retrataram este episódio real numa canção composta e pensada para a voz de Nino Bravo.
Essa canção é a minha preferida deste cantor, que marcou a minha vida, inclusivel musicalmente, já que utilizo e interpreto algumas canciones suas nos meus concertos, como esta que se chama ... LIBRE …
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